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Quem precisa de um amigo traíra?

A traíra é um dos peixes mais populares do Brasil, presente em quase todos os açudes, lagos, lagoas e rios do País. Carnívoro e de água doce, essa espécie voraz, briguenta, muito territorial e feia, prefere as sombras e a escuridão. Como possui dentes afiadíssimos e pele extremamente lisa e escorregadia, todo o cuidado é pouco no seu manuseio. Com essas características tão peculiares, o vocábulo “traíra” acabou se tornando sinônimo de indivíduo traidor, que age nas sombras, sorrateiramente, prejudicando seus colegas!

E quem não tem ao menos uma história desgostosa com aquele amigo traíra? Eu mesmo tenho várias. Aliás, minha coletânea é bem extensa, tanto na vida pessoal quanto profissional. Refletindo sobre os motivos de eu ser a isca perfeita para as traíras, cheguei à conclusão de que reúno duas condições bastante tentadoras. A primeira é que, por princípio, eu confio em todas as pessoas que fazem parte da minha rede de relacionamento. Prefiro acreditar na bondade das pessoas desde o início da relação e ir ajustando o nível de confiança ao longo do curso do rio.

A segunda condição está relacionada as capacidades de criação e realização que eu desenvolvi ao longo da minha carreira. Em diversas oportunidades, tive o prazer de construir algo do zero, de tirar uma ideia do papel, elaborar os processos, implementar o projeto e entregar a operação funcionando. Quando o barco está em velocidade de cruzeiro, sempre aparece um “engenheiro de obra pronta”, aquele colega que almeja o seu posto na nau e é capaz de trair sua confiança para assumir o comando.

A trairagem acontece nas profundezas das águas turvas, onde esse peixe insaciável e sequioso devora sua presa para garantir seu domínio territorial. Mas quando é confrontado, utiliza sua pele escorregadiça para escapar da culpa e esconder seu caráter questionável no lodo do rio. A mordida da traíra dói muito e custa a cicatrizar. Não há remédio eficaz ou curativo poderoso suficiente para fechar em pouco tempo a ferida aberta com esse ataque.

O melhor tratamento nessas situações é o afastamento! E existe um lugar todo especial dedicado para essas espécies carnívoras na sua Curva de Relacionamento. Como eu explico nesse artigo da Newsletter e nas palestras da YourNetWorks, as pessoas estão distribuídas em nossa rede de relacionamento em um gráfico em formato de sino (Bell Curve), onde o eixo horizontal representa a distância e o vertical a confiança. O quadrante abaixo do eixo da confiança e mais afastado no eixo da distância, coincidência ou não, é chamado de Pântano! É o extremo oposto do Cume!

Infelizmente, em geral, essas trairagens acontecem no mundo corporativo e podem até matar um negócio. Parafraseando Marco Túlio Cícero, filósofo e político da República Romana: “Uma corporação pode sobreviver aos tolos e até mesmo aos ambiciosos, mas não pode sobreviver à traição interna. Um inimigo no mercado é conhecido, pois carrega sua bandeira abertamente. Já o traidor se move livremente dentro da empresa e seus sussurros maliciosos ecoam nos corredores”!

Para sua rede funcionar, mantenha o peixe ensaboado no pântano, mas nunca o perca de vista. Ele pode surgir do nada do lodaçal corporativo e atacar outros peixes do seu cardume!

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