Há apenas 80 anos, Estados Unidos e União Soviética estavam do mesmo lado da mesa assinando o acordo das Nações Unidas para se opor às Potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Os Países Aliados lutaram juntos para controlar a agressão alemã, japonesa e italiana contra os aliados em todo o mundo.
O que ocorreu nos oitenta anos seguintes é história. O Muro de Berlim, a Guerra Fria e a criação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), da qual o Brasil faz parte, são só alguns capítulos que fizeram com que os aliados mudassem de lado de acordo com seus interesses e conveniências. Com a invasão da Ucrânia, países que eram inimigos no passado, agora trabalham juntos para restabelecer a paz no leste europeu.
Mas o oposto de inimigo não é amigo? A história mostra que não. É mais correto afirmar que o inimigo do seu inimigo é seu aliado. Prova disso é o pacto de não agressão que Stalin assinou com Hitler em 1939. No mundo corporativo, as empresas lutam uma batalha diária contra seus concorrentes pelo dinheiro na carteira dos clientes, conceito conhecido como Share of Wallet.
Para isso, é preciso formar um exército de aliados. As corporações se organizam para que seus colaboradores, parceiros e fornecedores atuem de forma coordenada para atingir objetivos em comum. Porém, como dito no artigo anterior, nessa situação, o tipo de relação que você tende a construir com seus colegas e parceiros no trabalho é de aliança.
Só que, infelizmente, como não conhecemos os interesses dos nossos aliados, sempre ficamos na dúvida de que lado da mesa eles estarão no futuro breve. Isso afeta a confiança nessas pessoas, o que é fundamental para que os aliados se tornem amigos. E, como dito pelo poeta inglês William Shakespeare, os amigos são a família que a vida nos permitiu escolher.
Algumas pessoas repercutiram o artigo anterior falando que têm várias amizades duradouras com colegas de trabalho. Eu concordo com elas. Eu mesmo tenho vários amigos corporativos. Mas isso só foi possível pela construção de relações de confiança que transcenderam as paredes das empresas. Só que percentualmente, são pouquíssimas amizades comparadas ao número de contatos que você já teve na vida profissional.
Se você confiar sem nenhuma dúvida nos outros, terá um dos dois resultados – um amigo para toda vida ou uma lição para toda vida. Por isso, para sua rede funcionar, confie nos seus aliados e, se os perder, pelo menos não perca a lição!