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Você se sacrifica por um bem maior?

Tem como não admirar uma mãe solteira que trabalha duro para educar seus filhos? Um jovem que não sai para se divertir para complementar a renda familiar? Uma filha que acolhe o pai idoso em casa para cuidar de sua saúde? Pessoas que se sacrificam por um bem maior possuem um selo indelével de caráter.  

A abnegação, que se caracterizada pela superação das necessidades próprias em benefício de uma pessoa, causa ou de um princípio, é uma qualidade tão admirável que você estabelece um nível inabalável de confiança com essas pessoas mesmo sem conhecer nada sobre suas competências. Histórias de atos de altruísmo, que são as marcas dos benfeitores, filantropos, religiosos e, até de heróis fictícios, elevam a imagem desses indivíduos quase ao nível sagrado, colocados em um pedestal difícil de se macular.  

Quando você é testemunha de um ato de abnegação, passa a admirar e confiar instantânea e prolongadamente em quem pratica o bem. Mesmo que você receba um testemunho contrário de quem está sendo beneficiado, custa a crer e ainda tenta ajudar esse ingrato a enxergar as intenções louváveis daquela boa alma. É muito comum que a percepção interna seja muito distinta de quem observa a bondade à distância.   

Eu tive alguns amigos com caráter extraordinário que viveram essa ambivalência. Por ter um convívio esporádico, eu admirava essas pessoas por sempre se sacrificarem pelos seus. Trabalhavam pesado, em condições às vezes desumanas, sem esperar muito em troca, tudo para dar melhores condições para seus familiares e amigos. Por coincidência, dois desses amigos perderam a vida em decorrência da vida sacrificante e dos abusos consequentes dessa luta diária.  

Para os amigos, ficaram as lembranças daqueles homens de grande coração que renunciaram aos seus prazeres pelos demais. Mas para a família, eventualmente, aquele sacrifício era descabido, pois trazia na esteira a ausência, o stress, a culpa, a raiva e os excessos. Após suas partidas, ficam apenas as boas lembranças e a admiração por quem tanto fez em vida. Com o tempo, até mesmo quem faz um julgamento equivocado passará a valorizar seus nobres propósitos.  

Por coincidência, duas dessas histórias se encontraram aqui nessa Newsletter. A motivação para começar a escrever artigos semanais foi a morte do meu querido amigo Armando Gomes. O primeiro artigo publicado aqui falava sobre amizades por interesse e como ele nos deixou sem receber nada em troca. Há um ano, quando publiquei esse artigo, recebi o seguinte comentário do amigo Gerson Pistori:  

É uma tristeza muito grande quando gente boa se sacrifica em nome de um bem maior que nunca acontece. A mesma lição que ele deixou, eu vivo desde os 30 anos. Descanse em paz e vá para o paraíso porque mereceu.  

Esse amigo também nos deixou recentemente aos 50 anos de idade vitimado por um infarto! Ele foi homenageado em um artigo recente que falava sobre o que aprendemos com as despedidas. Essas histórias nos ensinam que sacrifícios não podem ser desproporcionais. Como diz um provérbio turco, boas pessoas são como velas, que queimam a si próprias para dar luz aos outros. Entretanto, para sua rede funcionar, não permita que sua luz se apague em detrimento dos outros! 

Artigo originalmente publicado no LinkedIn.

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