Voar sempre desafiou a humanidade. Na mitologia grega, Ícaro usa asas construídas com penas de pássaros e cera de abelhas para tentar escapar do labirinto de Minotauro na Ilha de Creta. Seu pai, Dédalo, o aconselha a voar nem tão próximo ao Sol e nem rente ao mar para não estragar as asas. Mas Ícaro, embriagado com a liberdade dos ares, acaba ignorando os conselhos do pai e voa alto demais, onde o calor derrete a cera e ele acaba morrendo ao cair no mar Egeu.
O Voo de Ícaro ensina diversas lições sobre excesso de confiança e as consequências calamitosas de não ouvir e desobedecer aos mais experientes. Por outro lado, porém, nos mostra que é preciso se desafiar para ultrapassar seus limites e que é necessário contar com os outros para voar alto. A cronologia da aviação mostra diversos episódios marcantes nos últimos três séculos de história, entre eles o primeiro voo de um dirigível rígido por Ferdinand Graf von Zeppelin em 1900 e o primeiro voo de aeroplano com impulsão mecânica pelos Irmãos Wright em 1903.
Mas o que enche nossa Nação de orgulho foi o primeiro voo do avião com impulsão própria no ano de 1906 por Alberto Santos-Dumont. O feito do famoso 14-Bis em Paris rendeu ao inventor e piloto o primeiro prêmio de aviação do mundo, o Deutsch-Archdeacon. O caminho de um dos brasileiros mais famosos do mundo é recheado de encontros com personalidades que contribuíram com seu sucesso! O fato de ter nascido em uma fazenda em Cabangu, nos confins de Minas Gerais, dá a falsa impressão de que Santos-Dumont nasceu com poucas oportunidades.
Sua mãe, Francisca Santos Dumont, era filha de um comendador e industrial. Seu pai, Henrique Dumont, foi engenheiro e um dos reis do café no Brasil. Ele foi encarregado de construir a estrada de ferro Central do Brasil durante o Império de Dom Pedro II e ajudou Henry Ford a construir o primeiro carro a gasolina. Após um acidente, Henrique vendeu suas fazendas e levou toda família para a Europa, onde o jovem Santos-Dumont tinha recursos abundantes e acesso as tecnologias mais modernas da época.
Esse ambiente altamente favorável e efervescente fez com que nosso herói pudesse voar alto. Como ilustrei nesse artigo da Newsletter da YourNetWorks, o sucesso não é sobre quem você conhece e sim sobre você conhecer quem é quem. Nesse sentido, Santos-Dumont teve amizades com ícones da história em múltiplos ramos. O joalheiro francês Louis Cartier, por exemplo, marcou para sempre o mundo da relojoaria ao criar o primeiro relógio de pulso do mundo a pedido do seu amigo aviador brasileiro.
O maior inventor do Brasil também conheceu um dos maiores inventores da história. Ele visitou Thomas Edison em uma viagem aos Estados Unidos em 1902, onde foi recebido pelo então presidente Theodore Roosevelt. Todas essas influências ajudaram o pai da aviação a criar um aparelho que reduziu as distâncias entre as pessoas! Por isso, para sua rede funcionar, se cerque de pessoas que te ajudam a voar e esteja sempre atento aos conselhos de quem já esteve nas alturas para não queimar suas asas!